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dei por mim a pensar, daquela forma que quase sai fumo pelos ouvidos

gosto muito de ler sobre a crise. de ver muitos programas sobre a crise. de ouvir muitos especialistas a falar sobre a crise. ou aqueles que não são especialistas de coisa nenhuma, mas que falam da crise como se de alguma coisa fossem especialistas. nem de outras coisas o são, muito menos da crise. mas a crise é sem dúvida um óptimo tema para abrir telejornais. dez minutos para os ratings. outros dez para o comportamento dos mercados. ainda sobram dez minutos para falar das reuniões de concertação social, que são o equivalente a juntar um benfiquista e um sportinguista numa tasca em dia de derby - já se sabe que sai de lá tudo com um olho à belenenses, para democratizar o gosto clubístico lisboeta. os últimos dez minutos podem ficar para falar do mourinho, da lesão do tendão do ronaldo e da cor de cabelo do jorge jesus.

facilmente caímos no 'ai jesus' (o da cruz, não o do benfica) da depressão profunda e contínua de quem vai para uma crise sem fim à vista e, no meio desse pânico, apenas nos vamos afundar. as crises existem desde que o homem faz trocas comerciais. não havia era imprensa, que o guttenberg devia estar ocupado a fazer macramé, mas algures no tempo os mercados devem ter dado baixos ratings à Hispania e o preço das tâmaras era incomportável por causa dos conflitos no médio oriente. nunca foi boa solução para sair de areias movediças desatar a tentar fugir à pressa e de modo não pensado.

pensava que o tipo do cabelo branco despenteado tinha dado uma lição ao mundo sobre uma coisa chamada relatividade. a análise dos problemas e a sua dimensão nunca é relativizada.


no japão passou uma onda por cima dos "mercados". e rapidamente mudaram os "fundamentals" da economia e, sobretudo, o conceito de crise...

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