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esfiquinhazes pedras de toque

despe o que tens vestido e atira com as guardas dessa auto-estrada à cara daqueles que não acreditam que os girassóis um dia se podem lembrar de girar ao contrário. só porque sim. ninguém obriga ninguém a nada. a morte à definição seria a abertura da caixa de pandora da delícia. estou a imaginar tudo muito bem na sua vidinha e, de repente, vai-se a gravidade que lhes venderam como absoluta e aparece outra gravidade, a da situação. caem que nem uns perdidos no abismo profundo que não é abismo e a queda nunca acaba. no fundo ficaria meio mundo preso na angústia do poço gigante, em que a partir de certa fase é provavelmente mais angustiante achar que não há um fim para queda do que perspectivar a dor da queda.

tropeça nas raízes das folhas, e poupa o tronco. sabes tão bem como eu que dar cabeçadas em postes de electricidade é uma actividade tão digna como apanhar folhas no outono. a menos que uses aquelas pegas extensíveis, sua calona. isso não é objecto de gente. a usar isso que seja para abrir o frigorífico a partir do sofá, tirando de lá garrafas de pseudo-cerveja, que tem escrito no rótulo nomes de terras mas que se infiltra na alma como clicquot reserva.

mais que tudo, sai de casa quando te apetecer atirar pedras ao mar. eu defino o mundo entre as pessoas que atiram pedras ao mar às três da manhã só porque lhes apetece e as que não o fazem. as últimas aumentam substancialmente a sua probabilidade de ver a cabeça aberta pelas pedras que os primeiros atiram. quase como quando vem o tipo que vê o copo meio cheio e bebe de um trago a metade do que chora pelo copo meio vazio.

a vida resume-se a um pôr-do-sol, pode ser aproveitado e sentido como um fenómeno irrepetível, ou estupidamente perdido, estando virado para trás a atar os atacadores dos ténis com medo de não cair da falésia. esses não morrem da queda. mas morrem de tédio.

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