Avançar para o conteúdo principal

o homem já conseguiu ir à lua, mas continua a usar meias brancas com sapatos .




gosto muito de pensar sobre a tendência natural do ser humano para querer conhecer o que está mais longe desvalorizando o que está mais perto. também gosto muito de pensar sobre a lista de compras para a semana. e em taças gigantes de leite-creme. mas acredito que as minhas ilações sobre estas duas últimas sejam (ainda) menos interessantes.

foi de facto um passo de gigante o homem ter-se conseguido enfiar dentro de um cilindro de lata e ir dar umas passeatas pelo único satélite da terra que não serve para retransmitir canais de televisão ou coordenadas geográficas. pensar que quatrocentos anos antes ainda se duvidava da esfericidade da terra e se acreditava que o mundo acabava num precipício gigante e, tão pouco tempo depois, já nos dedicávamos à conquista do céu.

no meio de tanto empreendorismo não deixa de ser irónico que se parta em direcção ao que mora para lá da ionosfera, estratosfera e todas-as-outras-o-esfera, sem saber ainda muito bem uma série de coisas sobre a própria esfera que habitamos. pensou sobre isso o júlio verne, tipo cheio de imaginação, e um ou outro geólogo, que se dedica a fazer buracos e tentar perceber o que existe abaixo de nós. no fundo continuamos sem ter grandes certezas. imagino que tenha havido uma reunião das pessoas espertas e se tenha discutido se deveríamos ir ao centro da terra ou à lua. após dias e dias de discussão, os sábios, exaustos, decidiram que escavar dá muito trabalho, que o chão é rijo, e que a melhor opção seria começar a pensar em foguetões e dispará-los em todas as direcções.

outra característica bem nossa é não saber dar bem conta das coisas que descobrimos. desta vez na lua não havia ouro ou prata para saquear, muito menos indígenas para fecundar. portanto ficámos um pouco sem saber o que fazer ali. já olharam bem para a lua? com aquele aspecto desolado, as pedras todas desarrumadas e tudo com ar de ter sido atropelado pela noite anterior e estar fora do sítio?

já se perguntaram porque é que a lua tem um aspecto tão desorganizado? de certeza que todas as manhãs fazem essa pergunta. eu pensei. e cheguei à conclusão de que a lua está naquele chiqueiro porque só doze seres humanos lá puseram os pés e nenhum deles era mulher...

Comentários

André disse…
O homem foi à Lua?!? Extraordinário!...
André disse…
O homem foi à Lua?!? Extraordinário!...
gracices disse…
Boa surpresa o teu blog. Parabéns pela Oranginalidade. Vou passar a visitar-te.
gracices disse…
Boa surpresa o teu blog. Parabéns pela Oranginalidade. Vou passar a visitar-te.
André disse…
Porque é que os comentários no teu blog estão a sair em duplicado, humm?!
André disse…
Para que fui eu falar...
estava na altura, devia ser promoção, agora já não duplica :)

Mensagens populares deste blogue

À terceira é de vez!!!

Como tenho muita lata... este post é na linha de dois recentes... (um deles mesmo recentíssimo, o meu último) e trata da adaptação, não de séries (porque somos muito oranginais por estas bandas e isso depois na verdade tornar-se-ia repetitivo... quer dizer... até parece que assim não...), mas sim de filmes estrangeiros, para português. São novidades muito secretas e portanto só espero que tenham bastante cuidado na divulgação das mesmas (ao dizer isto espero que as publicitem, bem como a vinda aqui ao meu "little corner", numa jogada minha à laia d'"o fruto proibido é o mais desejado"). - Tó Pegane : história de um filho de uma ex-emigrante "na França" (daí a sempre típica mescla do nome António com o Pegane do francês com quem a senhora se casou). O rapaz entra para a Força Aérea, e depois há para lá umas intrigas. Ah! Na cena mais espectacular do filme, Tó Pegan faz um cozido à portuguesa, utilizando para aquecimento dos ingredientes a barriga...

pedras

acho muito simpático da parte do fernando guardar todas as pedras do caminho para um dia construir um castelo, mas aqueles de nós que as têm nos rins apreciavam outro tipo de eficácia diferente de apenas contemplá-las durante o passeio diário para abater barriga. com tanto heterónimo ao barulho, pasmo-me que o fernando, pessoa de bem, não tenha dado vida a um ente que se tornasse urologista e arranjasse maneira de ajudar a prevenir várias noites em posição fetal a namorar com o chão frio da casa de banho. diz o povo que as cólicas renais são piores que as dores de parto, mas o povo não pensa no facto de quase metade da população não poder atestar essa comparação. é provável que seja o povo feminino, e esse sim pode saber das duas, como sabe de tudo o resto, sempre em demasia, que o conhecimento verteu todo para o segundo cromossoma x. enquanto um brufen beija um ben-u-ron e abraça outro, vou continuar aqui no meu canto, meio revoltado com o fernando, enquanto pesquiso qual o valor da p...

quando me falta o ar

sei que ainda não sabes, porque ainda não tens idade para saber, mas há mais de trinta anos que me questiono sobre o que é a felicidade e como encontrar o mapa para lá chegar . procurei nos bancos de jardim, nos bancos da faculdade, desde casa até ao outro lado do mundo, de polo a polo, e nunca encontrei quem a conseguisse definir para mim nem quem soubesse que travessas tens de cruzar para dar de caras com o tal mapa .  sempre me pareceu que provavelmente a vais encontrar nas pequenas coisas, mais do que nas grandes . vais deparar com um mundo em que cada vez menos se liga ao que quer que seja e que se acha que ter é ser, que ter é saber, ignorando que um sorriso vale mais que estofos de pele e mãos entrelaçadas ao pôr-do-sol batem um relógio que reage ao toque e fala contigo .  soube finalmente há vinte e seis dias o que é a verdadeira felicidade e sei desde há vinte seis dias o que é verdadeiramente o medo . nunca pensei ir descobrir o que eram ambos quase ao mesmo te...