a recomendação é para que se chegue cedo. a enchente diária de turistas é garantida. em qualquer altura do ano. a confusão de agra, uma cidade bem "agra-e-doce", é atravessada pelo rio yamuna, majestoso na altura em que ali chego, no fim da época das monções. inunda os campos de água, fecundando-os de vida. a vigiar de perto o curso do yamuna encontra-se aquele que é provavelmente o monumento mais famoso do subcontinente indiano, o taj mahal. se há locais do mundo que nos causam demasiada expectativa, desiludindo no momento da descoberta, este não é certamente um deles, sendo tão ou mais impressionante do que os nossos melhores sonhos imaginaram.
para lá chegar fintam-se as ruas dos bairros envolventes. chovem convites para entrar em mais uma casa de tapetes. ou ali na outra que vende toscas miniaturas dos monumentos. de onde somos? israel? espanha? itália? entre, entre, não paga para ver, oferecemos-lhe chá, sem pedir nada em troca. chovem também algumas gotas de água do céu, na madrugada que traz o sol e o resto de algumas nuvens que ficaram da monção. o cheiro da terra molhada mistura-se com o das especiarias e em conjunto voam na humidade teimosa que preenche qualquer centímetro cúbico da atmosfera indiana.
por fim entra-se no complexo do taj mahal. o espelho de água em frente do monumento obriga à fotografia da praxe. várias. infindáveis. vistas tantas vezes antes em revistas e livros e guias e tudo e tudo e tudo e tanta vontade de chegar a todo o lado do mundo e este é tanto um dos que mais queria. depois do mergulho turístico vem o mergulho mais doce, o da história deste lugar. o imperador mogul shah jahan, perdido de dor pela morte da sua mulher (a terceira, mas a favorita) aquando do nascimento do seu décimo quarto filho, resolveu construir um monumento fúnebre em sua homenagem. para isso condenou milhares e milhares de escravos a anos seguidos de sangue, suor e lágrimas, numa épica epopeia de vinte e um anos. as pedras vieram de todos os cantos do mundo, da bélgica ao afeganistão, numa operação logística sem comparação à época.
para adensar a trama, pouco tempo antes da inauguração do majestoso monumento, o filho de shah jahan levou a cabo um golpe de estado para tomar o poder do império mogul, condenando o seu pai a prisão perpétua no forte de agra, a cerca de dois quilómetros do local do taj mahal. reza assim a história (pouco confirmada) que o homem que investiu vinte e um anos na obra que homenageava o amor da sua vida, viu este a ser concluído pelas frestas de uma pequena janela, numa ínfima cela do forte de agra. ainda assim, espero que tenha sorrido, porque o amor muitas vezes vale mais pelo quente que causa no coração do que pela concretização física que daí possa vir.
(foto tirada por mim em 15 de setembro de 2010, agra, índia)
para lá chegar fintam-se as ruas dos bairros envolventes. chovem convites para entrar em mais uma casa de tapetes. ou ali na outra que vende toscas miniaturas dos monumentos. de onde somos? israel? espanha? itália? entre, entre, não paga para ver, oferecemos-lhe chá, sem pedir nada em troca. chovem também algumas gotas de água do céu, na madrugada que traz o sol e o resto de algumas nuvens que ficaram da monção. o cheiro da terra molhada mistura-se com o das especiarias e em conjunto voam na humidade teimosa que preenche qualquer centímetro cúbico da atmosfera indiana.
por fim entra-se no complexo do taj mahal. o espelho de água em frente do monumento obriga à fotografia da praxe. várias. infindáveis. vistas tantas vezes antes em revistas e livros e guias e tudo e tudo e tudo e tanta vontade de chegar a todo o lado do mundo e este é tanto um dos que mais queria. depois do mergulho turístico vem o mergulho mais doce, o da história deste lugar. o imperador mogul shah jahan, perdido de dor pela morte da sua mulher (a terceira, mas a favorita) aquando do nascimento do seu décimo quarto filho, resolveu construir um monumento fúnebre em sua homenagem. para isso condenou milhares e milhares de escravos a anos seguidos de sangue, suor e lágrimas, numa épica epopeia de vinte e um anos. as pedras vieram de todos os cantos do mundo, da bélgica ao afeganistão, numa operação logística sem comparação à época.
para adensar a trama, pouco tempo antes da inauguração do majestoso monumento, o filho de shah jahan levou a cabo um golpe de estado para tomar o poder do império mogul, condenando o seu pai a prisão perpétua no forte de agra, a cerca de dois quilómetros do local do taj mahal. reza assim a história (pouco confirmada) que o homem que investiu vinte e um anos na obra que homenageava o amor da sua vida, viu este a ser concluído pelas frestas de uma pequena janela, numa ínfima cela do forte de agra. ainda assim, espero que tenha sorrido, porque o amor muitas vezes vale mais pelo quente que causa no coração do que pela concretização física que daí possa vir.
(foto tirada por mim em 15 de setembro de 2010, agra, índia)
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