num filme que vi recentemente, gente simples discutia o porquê de se querer ver um eclipse:
" então ontem não veio para a rua ver o eclipse? "
" qual? o da lua? "
" sim, o da lua! foi às 2h30, de madrugada! "
" não, esse não gosto, só o do sol! "
" só o do sol? então porquê? "
" porque o da lua não tem piada nenhuma. há tantas noites em que a lua desaparece. não percebo porquê o fascínio de ver a lua a desaparecer... "
o fascínio com os eclipses deve ser tão antigo como a existência da vida na terra. se é verdade que os da lua são, para além de relativamente frequentes, muito sensaborões, os do sol já têm todo outro sabor especial. basta vermos o desatino caótico em que fica a vida durante um eclipe do sol. os animais, durante um eclipse total, largam os pastos e desatam a correr desenfreadamente na direcção dos seus abrigos, em pânico sem perceber bem como é que o dia acabou tão depressa e sem avisar, como habitualmente faz. até o organismo humano, pelo menos a parte dele que é alheia a essas brincadeiras do racional e do pensamento, reage a um eclipse solar alterando a produção de hormonas, caso estejamos ao ar livre, interpretando o dia como chegando ao fim.
adoro este conceito de micro-jetlag que dura cinco minutos. imagino os planetas em conferência, a decidir como vão girar nos próximos milénios, e algum de repente tem a ideia de que engraçado engraçado era trocar as voltas ao dia, torná-lo noite por uns instantes, e registar com uma máquina fotográfica do tamanho de um marte toda a confusão gerada por esse pequeno micro-desvio ao padrão normal.
decerto podemos arrastar os eclipses para lugares mais profundos do que apenas o céu. imagino como seria um eclipse da água, revoltando-se por nunca ter direito a eclipsar-se. porque é que a água não há de ter direito a desaparecer durante cinco minutos, para se esconder de tudo e de todos? menos fantasioso que o da água, é o eclipse particular dos sentimentos.
a esse assistimos diariamente. olhem à vossa volta, e vão com certeza ver amor tapado por ambição. bondade tapada por avareza. prazer tapado por convenção social. o que mais há são eclipses. e para ver estes nem sequer é preciso comprar daqueles óculos especiais na farmácia...
" então ontem não veio para a rua ver o eclipse? "
" qual? o da lua? "
" sim, o da lua! foi às 2h30, de madrugada! "
" não, esse não gosto, só o do sol! "
" só o do sol? então porquê? "
" porque o da lua não tem piada nenhuma. há tantas noites em que a lua desaparece. não percebo porquê o fascínio de ver a lua a desaparecer... "
o fascínio com os eclipses deve ser tão antigo como a existência da vida na terra. se é verdade que os da lua são, para além de relativamente frequentes, muito sensaborões, os do sol já têm todo outro sabor especial. basta vermos o desatino caótico em que fica a vida durante um eclipe do sol. os animais, durante um eclipse total, largam os pastos e desatam a correr desenfreadamente na direcção dos seus abrigos, em pânico sem perceber bem como é que o dia acabou tão depressa e sem avisar, como habitualmente faz. até o organismo humano, pelo menos a parte dele que é alheia a essas brincadeiras do racional e do pensamento, reage a um eclipse solar alterando a produção de hormonas, caso estejamos ao ar livre, interpretando o dia como chegando ao fim.
adoro este conceito de micro-jetlag que dura cinco minutos. imagino os planetas em conferência, a decidir como vão girar nos próximos milénios, e algum de repente tem a ideia de que engraçado engraçado era trocar as voltas ao dia, torná-lo noite por uns instantes, e registar com uma máquina fotográfica do tamanho de um marte toda a confusão gerada por esse pequeno micro-desvio ao padrão normal.
decerto podemos arrastar os eclipses para lugares mais profundos do que apenas o céu. imagino como seria um eclipse da água, revoltando-se por nunca ter direito a eclipsar-se. porque é que a água não há de ter direito a desaparecer durante cinco minutos, para se esconder de tudo e de todos? menos fantasioso que o da água, é o eclipse particular dos sentimentos.
a esse assistimos diariamente. olhem à vossa volta, e vão com certeza ver amor tapado por ambição. bondade tapada por avareza. prazer tapado por convenção social. o que mais há são eclipses. e para ver estes nem sequer é preciso comprar daqueles óculos especiais na farmácia...
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