o mundo tem uma capacidade de mudar igual à do céu, que acorda azul, se torna cinzento eléctrico, e depois desaba, para acabar em tons laranja frio-quente e finalmente se esconder de preto ao longe e ao perto.
depois de esborratar paredes de cavernas com sangue de animais, aquele pedaço de massa encefálica guardado por meia dúzia de ossos que assenta em cima da coluna cervical, descobriu não só formas de aquecer as patas dos animais para se refastelar, mas também a maravilhosa arte da escrita.
seja papiro, papel ou parede, pouco importa, porque essa arte permitiu abandonar a solidão mental e partilhá-la com quem quer, e com quem não quer, ouvi-la com os olhos.
nada há de mais perfeito do que a carta. a carta leva o cheiro das pessoas. a carta leva os nervos naquela perna do a, a paixão na força com que damos ar de final ao ponto, o desespero com que o 'teu' sai tremido da ponta da tinta, permanente, da china, à-prova-de-água ou à prova de tudo, pouco importa. vai num envelope tosco, sujeito à tortura de milhares de carimbos, tratada como um escravo dos tempos antigos, mas tem por patrão final o seu destinatário certo.
perderam-se as cartas, eu sei. somos mestres do disfarce. nestas teclas pretas até pode cair whiskey ou perfume, que o mundo nunca saberá. o backspace é um fugitivo do amarfanhar a folha e voltar a escrever. as palavras podem ser sempre re-feitas e podemos brincar com elas de formas diferentes. tão mais fácil usar o sinal de menor e um três do que desenhar um coração perfeito no papel. é que nem todos nascemos com os dotes de desenho do leonardo, aviso-vos já.
adoro cartas. não adoro que se tenham perdido as cartas. mas mais importante do que a forma, é o conteúdo. enquanto as minhas palavras puderem atravessar oceanos e prender-se nos lábios e nos cabelos certos, pouco me importa que quem as leve seja a fedex, o cabo que está no fundo do atlântico ou um pombo-correio.
depois de esborratar paredes de cavernas com sangue de animais, aquele pedaço de massa encefálica guardado por meia dúzia de ossos que assenta em cima da coluna cervical, descobriu não só formas de aquecer as patas dos animais para se refastelar, mas também a maravilhosa arte da escrita.
seja papiro, papel ou parede, pouco importa, porque essa arte permitiu abandonar a solidão mental e partilhá-la com quem quer, e com quem não quer, ouvi-la com os olhos.
nada há de mais perfeito do que a carta. a carta leva o cheiro das pessoas. a carta leva os nervos naquela perna do a, a paixão na força com que damos ar de final ao ponto, o desespero com que o 'teu' sai tremido da ponta da tinta, permanente, da china, à-prova-de-água ou à prova de tudo, pouco importa. vai num envelope tosco, sujeito à tortura de milhares de carimbos, tratada como um escravo dos tempos antigos, mas tem por patrão final o seu destinatário certo.
perderam-se as cartas, eu sei. somos mestres do disfarce. nestas teclas pretas até pode cair whiskey ou perfume, que o mundo nunca saberá. o backspace é um fugitivo do amarfanhar a folha e voltar a escrever. as palavras podem ser sempre re-feitas e podemos brincar com elas de formas diferentes. tão mais fácil usar o sinal de menor e um três do que desenhar um coração perfeito no papel. é que nem todos nascemos com os dotes de desenho do leonardo, aviso-vos já.
adoro cartas. não adoro que se tenham perdido as cartas. mas mais importante do que a forma, é o conteúdo. enquanto as minhas palavras puderem atravessar oceanos e prender-se nos lábios e nos cabelos certos, pouco me importa que quem as leve seja a fedex, o cabo que está no fundo do atlântico ou um pombo-correio.
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