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Bicho-da-seda: o preâmbulo do Tamagotxi



Pois é... já lá diz o ditado: "mudam-se os tempos, mudam-se as vontades". Eu, enquanto jovem na transição de século tive a sorte de passar pela fase naturalista e pela fase tecnológica da nossa juventude. Os da minha geração podem também dizer o mesmo, acredito eu.

Daí o título do meu post. Os nossos pais teriam por máxima diversão a possibilidade de ter um bicho-da-seda, a infindável tarefa de arranjar folhas de amoreira para o animal, e depois o prazer de o ver todo pimpão a dar dentadas nas mesmas, ao mesmo tempo que engordava que nem um texugo. A caixa dos sapatos, esse mítico habitat do bicho-da-seda, polvilhava de maravilha os olhos sedentos de natureza da criança. Lá está... ainda chegou à minha geração, sendo que agora os lagartóides já se passeavam por caixas Nike ou Adidas, contrariamente às Armando Silva ou Jorge Lopes de outrora.

E de repente, nós, recebemos com grande alegria a notícia de que num pequeno instrumento amarelo e meio oval, chegava uma nova brincadeira, o Tamagotxi. Por cerca de 4 contos, ali estava um monstrinho q nascia, crescia, se alegrava, se chateava, pedia para brincar, comia, defecava, tudo num ecrã de poucos pixels. E nem precisava de uma caixa dos sapatos, só de pilha!

E pronto, assim se fez a transição, no futuro a criançada já nem deve fazer a mínima ideia do que é um bicho-da-seda, sinais dos tempos...

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