os fenómenos da natureza e os fenómenos da criação estão tão bem ligados entre si como o queijo parmesão quando derrete no meio da massa acabada de sair do forno.
nesta esfera toscamente esculpida varia a intensidade ou o foco desse conglomerado. na minha terra de sempre entretia-me a ver um feijão dar origem a um feijoeiro numa simples bola de algodão, sedenta de água para fazer crescer o seu protegido rebento.
aqui a natureza tem um modo elegantemente violento de brincar à criação. a ferocidade do que estou a ver pela janela faz-me pensar que estou a observar o momento da origem do mundo e da vida, e nem sequer tenho de pagar bilhete.
por entre as sirenes contínuas, os sons do gelo a bater com violência nas janelas (até este ironicamente a ver a sua queda fora de época) e o vento que ameaça árvores resistentes a tantos anos de tantas outras coisas, fico no meu canto a pensar como isto é belo e essencial.
o riso e o choro parecem combinar-se num só, sob a forma de tempestade. se o leonardo aqui estivesse sentado concordaria que o enigma da gioconda não é mais do que a tradução em pintura de toda esta turbulência de incertezas que nos penteia a imaginação e nos deixa a sede de tudo descobrir, assumundo issso como sentido da vida.
imagino como deve ser difícil domar todas estas reacções químicas. bem mais difícil ainda domar o significado do que vem dentro, abaixo e acima delas. os azotos andam doidos a chocar com hidrogénios. não porque estejam em combustão para fazer andar carros, barcos ou aviões. estão a chocar porque é assim que eles sabem funcionar. é assim que eles sabem criar.
chamam-lhe tornado e avisam que a luz vai faltar em breves minutos.
irónico. olho lá para fora e juro que nunca vi tanta luz na vida.
(texto escrito em 25 de agosto de 2011)
nesta esfera toscamente esculpida varia a intensidade ou o foco desse conglomerado. na minha terra de sempre entretia-me a ver um feijão dar origem a um feijoeiro numa simples bola de algodão, sedenta de água para fazer crescer o seu protegido rebento.
aqui a natureza tem um modo elegantemente violento de brincar à criação. a ferocidade do que estou a ver pela janela faz-me pensar que estou a observar o momento da origem do mundo e da vida, e nem sequer tenho de pagar bilhete.
por entre as sirenes contínuas, os sons do gelo a bater com violência nas janelas (até este ironicamente a ver a sua queda fora de época) e o vento que ameaça árvores resistentes a tantos anos de tantas outras coisas, fico no meu canto a pensar como isto é belo e essencial.
o riso e o choro parecem combinar-se num só, sob a forma de tempestade. se o leonardo aqui estivesse sentado concordaria que o enigma da gioconda não é mais do que a tradução em pintura de toda esta turbulência de incertezas que nos penteia a imaginação e nos deixa a sede de tudo descobrir, assumundo issso como sentido da vida.
imagino como deve ser difícil domar todas estas reacções químicas. bem mais difícil ainda domar o significado do que vem dentro, abaixo e acima delas. os azotos andam doidos a chocar com hidrogénios. não porque estejam em combustão para fazer andar carros, barcos ou aviões. estão a chocar porque é assim que eles sabem funcionar. é assim que eles sabem criar.
chamam-lhe tornado e avisam que a luz vai faltar em breves minutos.
irónico. olho lá para fora e juro que nunca vi tanta luz na vida.
(texto escrito em 25 de agosto de 2011)
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