sempre tive para mim que o micro-cosmos e o macro-cosmos não se entendem muito bem. e nós, pessoas cheias de mania que tudo sabemos e que tudo descobrimos, sempre pouco cientes de que não sabemos nada e que descobrimos muito pouco, inventámos formas de, pelo menos, conseguir destapar ligeiramente o véu a ambos.
nas costas do microscópio largámos toda a responsabilidade de olhar para o que é infinitamente pequeno. não lidamos é bem com o conceito de infinito, portanto, quando os globos oculares se aproximam das lentes, vêem o retrato, isso sim, do que é finito e pequeno.
o telescópio, por sua vez, foi inventado para olhar para as estrelas. para cima, para baixo, para os lados, mas para as estrelas. e também para os planetas, mas esses são restos de estrelas, parentes próximos. lamento desiludir todos os voyeurs que os usam para observar as vizinhas do bairro a trocar de roupa ao lusco-fusco, mas de facto foram pensados para ver para lá da atmosfera.
na sua grande maioria este pensamento tem o condão de nos satisfazer. vemos o pequeno. vemos o grande. olhem para nós que somos tão bons. aí é que está. não no sermos tão bons, mas sim no "olhem para nós". quem nos garante que, ao andarmos entretidos a achar que somos o player de tamanho médio entre micro e macro-cosmos, não somos nós apenas um adicional acidente no caminho bem maior. recorrendo à minha imaginação, mais fértil que as margens do nilo, consigo ter a imagem perfeita de seres gigantescos que olham para nós com a sua espécie de microscópio e não nos definem com mais pomposidade do que nós definimos uma bactéria. tal como consigo imaginar toda uma família a residir numa das curvas de um qualquer ADN de um qualquer ser muito muito pequeno a olhar para cima e achar que a membrana da célula é o fim do universo.
no fundo, tal como nós, o micro-cosmos e o macro-cosmos deve estar cheio de espertos. que ainda não sabem, mas no fundo... não sabem nada.
nas costas do microscópio largámos toda a responsabilidade de olhar para o que é infinitamente pequeno. não lidamos é bem com o conceito de infinito, portanto, quando os globos oculares se aproximam das lentes, vêem o retrato, isso sim, do que é finito e pequeno.
o telescópio, por sua vez, foi inventado para olhar para as estrelas. para cima, para baixo, para os lados, mas para as estrelas. e também para os planetas, mas esses são restos de estrelas, parentes próximos. lamento desiludir todos os voyeurs que os usam para observar as vizinhas do bairro a trocar de roupa ao lusco-fusco, mas de facto foram pensados para ver para lá da atmosfera.
na sua grande maioria este pensamento tem o condão de nos satisfazer. vemos o pequeno. vemos o grande. olhem para nós que somos tão bons. aí é que está. não no sermos tão bons, mas sim no "olhem para nós". quem nos garante que, ao andarmos entretidos a achar que somos o player de tamanho médio entre micro e macro-cosmos, não somos nós apenas um adicional acidente no caminho bem maior. recorrendo à minha imaginação, mais fértil que as margens do nilo, consigo ter a imagem perfeita de seres gigantescos que olham para nós com a sua espécie de microscópio e não nos definem com mais pomposidade do que nós definimos uma bactéria. tal como consigo imaginar toda uma família a residir numa das curvas de um qualquer ADN de um qualquer ser muito muito pequeno a olhar para cima e achar que a membrana da célula é o fim do universo.
no fundo, tal como nós, o micro-cosmos e o macro-cosmos deve estar cheio de espertos. que ainda não sabem, mas no fundo... não sabem nada.
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