o céu azul eléctrico.
aquele céu que não se decide entre o branco e o preto. cinzento-escuro não é para ele de certeza, também. quer anunciar. quer uma cor que chame. que avise que o que vem aí é para ser visto. o céu podia pagar um anúncio na televisão ou no jornal. mas em vez disso pinta-se de azul eléctrico.
abaixo dele, na sua azáfama, milhares de cabeças rodam, apontando os olhos para cima, deixando de apenas olhar, para passar a ver. depois, a pouco e pouco, sentem. o azul eléctrico a viajar. o pó dourado que o envolve a migrar muito lentamente, naquela marcha em que quente e frio se misturam, num abraço de lã e pele.
o céu sorri. conseguiu a atenção que queria. agora sim, estão todos atentos, o espectáculo pode começar. não, não há tempo sequer para sete pancadinhas, vamos já começar que se faz tarde. a agenda do céu é ocupada. não se pode prender a inutilidades.
abrem-se os canhões. festejam os soldados. a neve cai. desce em piruetas do etéreo ao presente. usa escorregas perdidos em telhados. repousa em camas de relva. beija as folhas caducas, gastas de toda a sua beleza do outono. mas sobretudo, vejo que cada floco põe o ar orgulhoso e inchado de um actor principal. reconhece as mãos sedentas de brincadeira das crianças, a felicidade dos gorros que hibernaram todo um verão e o profissionalismo da malha das luvas, unida em exército para proteger toda uma mão.
o espectáculo branco avança. está agora na fase de imitar a areia do deserto. o céu ri cada vez mais alto. pergunta se alguém já viu um espectáculo mais lindo do que este. questiona-se porque é que nunca o convidam para encenar aberturas de jogos olímpicos ou de jogos menos olímpicos, mas com aberturas dignas de um céu.
olha para o relógio e parte. há mais um espectáculo para começar uns quilómetros a sudeste. o espectáculo tem de continuar.
aquele céu que não se decide entre o branco e o preto. cinzento-escuro não é para ele de certeza, também. quer anunciar. quer uma cor que chame. que avise que o que vem aí é para ser visto. o céu podia pagar um anúncio na televisão ou no jornal. mas em vez disso pinta-se de azul eléctrico.
abaixo dele, na sua azáfama, milhares de cabeças rodam, apontando os olhos para cima, deixando de apenas olhar, para passar a ver. depois, a pouco e pouco, sentem. o azul eléctrico a viajar. o pó dourado que o envolve a migrar muito lentamente, naquela marcha em que quente e frio se misturam, num abraço de lã e pele.
o céu sorri. conseguiu a atenção que queria. agora sim, estão todos atentos, o espectáculo pode começar. não, não há tempo sequer para sete pancadinhas, vamos já começar que se faz tarde. a agenda do céu é ocupada. não se pode prender a inutilidades.
abrem-se os canhões. festejam os soldados. a neve cai. desce em piruetas do etéreo ao presente. usa escorregas perdidos em telhados. repousa em camas de relva. beija as folhas caducas, gastas de toda a sua beleza do outono. mas sobretudo, vejo que cada floco põe o ar orgulhoso e inchado de um actor principal. reconhece as mãos sedentas de brincadeira das crianças, a felicidade dos gorros que hibernaram todo um verão e o profissionalismo da malha das luvas, unida em exército para proteger toda uma mão.
o espectáculo branco avança. está agora na fase de imitar a areia do deserto. o céu ri cada vez mais alto. pergunta se alguém já viu um espectáculo mais lindo do que este. questiona-se porque é que nunca o convidam para encenar aberturas de jogos olímpicos ou de jogos menos olímpicos, mas com aberturas dignas de um céu.
olha para o relógio e parte. há mais um espectáculo para começar uns quilómetros a sudeste. o espectáculo tem de continuar.
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