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A importância de não ser Ernesto



Caro amigo Wilde,

Não sei porque raio se lembrou de, numa das suas obras, achar que as mulheres se sentiam inclinadas a desenvolver paixões por indivíduos de nome Ernesto. Sei que o meu amigo vive noutro país e, portanto, só posso encontrar explicação na velha teoria de "outras terras, outros costumes". Mas mesmo tendo por base esse lema, acho que devia ter tido a noção da possível universalidade da sua obra e procurar um nome bem mais agradável...

É que... já viu o potencial de consequências associadas ao seu acto? Se às mães inglesas (e não só) desse para se tornarem seguidoras das linhas de orientação de um mestre literário como o meu amigo, teríamos o pânico geral, com os bebés a serem todos baptizados com esse nome, que ao ser pronunciado, cria até algum embaraço de dicção...

Por isso, recomendo-lhe que em futuras obras (caso ressuscite e assim o entenda...) seja mais cuidadoso, para não ferir suspectibilidades, nem criar amargos de boca nos núcleos que apreciam/adoram a sua escrita eloquente.

Sem mais me despeço, na esperança verdadeira de que nenhum Ernesto leia este blog em particular.

Comentários

Anónimo disse…
Obrigado por intiresnuyu iformatsiyu

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