Avançar para o conteúdo principal

O Sol que brilha até tão tarde em Solna...



Olhar pela janela e ver o sol às 11 da noite é mesmo um privilégio do qual poucos poderão usufruir. A paz de espírito que daqui transparece é incrível. A liberdade que se sente, o bem-estar, o sentido de realização... É olhar à volta,e ver as dezenas ou centenas de mentes que geram ritmicamente movimentos tão bem orquestrados que parecem cinematográficos.

Aquele lá em baixo... vê televisão, não entendo o quê, não sei se o faz por gosto, se por não ter mais nada para fazer... Mas o seu pensamento está para ali virado! E o outro em cima está à janela. Não admira! Num país em que a neve é o prato do dia, o anormal calor que se faz sentir desespera estas pessoas. Refresca-se, talvez fume um cigarro, vê o mesmo pôr-do-sol tardio que me vai ficando na retina.

E no jardim passa mais uma bomba de branco. Vai fazer muitos olhares serem desviados do pôr-do-sol, mas até aí a Natureza mostra a sua graça, ao ser capaz de produzir tais expoentes de perfeição.

E tudo em volta é verde, tudo em volta é belo, tudo em volta é isto! E eu penso... Meu Deus! O que seria de mim se eu morresse sem ver isto, sem me cruzar com esta gente, sem ver este pôr-do-sol?! Isto faz com que me sinta vivo. Sinto-o não como uma prova superada, não como uma casa ou um carro comprados, mas sim como a outros prazeres da vida, como um beijo bem dado ou como um piquenique ao lusco fusco! Merece a pena viver assim!!!

Por um momento, esqueço-me... de guerras, de terrorismos, de más intenções... Como é que isso existe? Como é possível no meio de um Éden destes? Qual o ser que, perante tal dádiva, se predispõe a destruí-la? Eu não sou com certeza! E não contem comigo para dar passos atrás.

Do meu terraço em Solna eu contemplo o Mundo e o meu Mundo contempla-me a mim. E assim permaneceremos unidos, quer queiram, quer não. E que todos os terraços, de todas as Solnas que por aí há, permitam a muita gente sentir o que agora sinto, que a vida merece mesmo a pena e que tudo corre tão bem...

(texto escrito a 3 de Agosto de 2003, no meu terraço em Solna, Estocolmo)

Comentários

Mensagens populares deste blogue

À terceira é de vez!!!

Como tenho muita lata... este post é na linha de dois recentes... (um deles mesmo recentíssimo, o meu último) e trata da adaptação, não de séries (porque somos muito oranginais por estas bandas e isso depois na verdade tornar-se-ia repetitivo... quer dizer... até parece que assim não...), mas sim de filmes estrangeiros, para português. São novidades muito secretas e portanto só espero que tenham bastante cuidado na divulgação das mesmas (ao dizer isto espero que as publicitem, bem como a vinda aqui ao meu "little corner", numa jogada minha à laia d'"o fruto proibido é o mais desejado"). - Tó Pegane : história de um filho de uma ex-emigrante "na França" (daí a sempre típica mescla do nome António com o Pegane do francês com quem a senhora se casou). O rapaz entra para a Força Aérea, e depois há para lá umas intrigas. Ah! Na cena mais espectacular do filme, Tó Pegan faz um cozido à portuguesa, utilizando para aquecimento dos ingredientes a barriga...

pedras

acho muito simpático da parte do fernando guardar todas as pedras do caminho para um dia construir um castelo, mas aqueles de nós que as têm nos rins apreciavam outro tipo de eficácia diferente de apenas contemplá-las durante o passeio diário para abater barriga. com tanto heterónimo ao barulho, pasmo-me que o fernando, pessoa de bem, não tenha dado vida a um ente que se tornasse urologista e arranjasse maneira de ajudar a prevenir várias noites em posição fetal a namorar com o chão frio da casa de banho. diz o povo que as cólicas renais são piores que as dores de parto, mas o povo não pensa no facto de quase metade da população não poder atestar essa comparação. é provável que seja o povo feminino, e esse sim pode saber das duas, como sabe de tudo o resto, sempre em demasia, que o conhecimento verteu todo para o segundo cromossoma x. enquanto um brufen beija um ben-u-ron e abraça outro, vou continuar aqui no meu canto, meio revoltado com o fernando, enquanto pesquiso qual o valor da p...

na moda

Está na moda escrever sobre o amor. O truque é pintar o dito de lugares comuns e adornar o produto final com duas ou três asneiras das pesadas para emanar pseudo-rebeldia. O conjunto de palavras é tão bonito e tem uma força tão positiva que o que está mesmo a pedir é para ser posto num rectângulo, acompanhado de uma imagem do pôr-do-sol/paisagem verdejante/gatinhos/silhueta de um ou dois corpos (riscar o que não interessa) e feito, está pronto a sair do forno para esse sufrágio universal que são as redes sociais. Está na moda gostar dessa visão do amor. Que tenta copiar alguns traços dos mestres mas que os copia mal e porcamente, borra a tinta toda, mas encontra destinatários com a visão tão baça que nem dão por isso. Dantes havia o condão de ficar preso às letras do Shakespeare, do James, do Cummings e de tantos outros. Todos eles vieram por aí fora, ainda há bem pouco tempo dava para jogar à macaca com o Cortázar, mas está tudo a trocar a macaca por meia dúzia de macacos, que ap...