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A luz das pirâmides, por JP
E o astro-rei volta esplendoroso como sempre. Acorda explosivamente, como que numa sinfonia de cor e luz, como se se tratasse de um espectáculo de pirotecnia que ilumina a manhã... Essa manhã que ainda trazia aquele friozinho acolhedor de quem recolhe os navegantes da noite e arrepia os ossos dos corajosos da manhã que vão para aqui e para ali.
Cruzam-se uns e outros... se estiver um céu de nuvens, se houver neve, se chover... nem se olham. Mas agora contemplam-se. Sortes, azares, sentimentos cruzados no passar de uma pessoa por outra a meio de uma avenida. Por testemunhas só as árvores, os "pius" dos pássaros e a calçada portuguesa nas suas curvas alvi-negras. E seguem para nunca ou quase nunca mais se verem, mas fica o momento, fica a alegria do contacto humano, fica mais uma pedra num pilar chamado cultura.
E agora as gotas de orvalho já escorrem do poste de iluminação, a humidade... também ela diz adeus à noite e ele vai cada vez mais alto, amarela tudo, não deixa ninguém na sombra. A água enrola-se na sua luz, como quem se espreguiça de prazer, ganha outro ar, outra pureza, e prateia-se... prateia-se e prazenteira-se... e assim ficará umas boas 14 ou 15 horas...
Que falta que o sol nos faz... seja o do Cairo ou o do Parque das Nações
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