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Fuga



Quando dei por mim... tinha a PP7 na mão e um corpo baleado jazia em frente a mim... Pela janela aberta, senti o "flash" do paparazzi que andava a seguir esta modelo de corpo escultural. Ao tirar a foto, reparei que ele tinha um sorriso irónico na cara. De repente percebi, quando vi que guardava ele próprio uma pistola (uma PP7 igual à minha!) e que desapareceu, como que por artes mágicas. Corri até à janela e não vi ninguém... Meu Deus! Como é que isto foi acontecer?

De repente, lembrei-me de sair do edifício a correr e ir para casa, tal o pânico que eu tinha. Não era ser polícia que me ia safar se ali entrassem os meus colegas e presenciassem a cena. E até já conseguia ouvir as sirenes ao fundo.

Muito a custo, lá consegui adormecer, mas a meio da noite acordei de repente com muito barulho lá fora. Acendi a televisão, e qual não é o meu espanto quando vejo a minha fotografia no ecrã, bem como câmaras em directo do exterior do meu prédio. Estava montada uma barreira policial como poucas que eu tivesse visto. Ouvi a locutora falar de "um polícia homicida" e compreendi o que se devia ter passado. O que só se confirmou... quando vi a foto que tinha sido tirada na altura do crime a aparecer na televisão.

Já não havia mais nada a fazer! As provas eram demasiado comprometedoras para eu me conseguir defender. Só fugindo é que eu tinha alguma esperança de sair vivo ou em liberdade desta situação. Mas como? A minha casa estava toda rodeada... Nesta altura bateram à porta. Pelos berros que se seguiram, percebi que tinha a SWAT Team do lado de lá da minha entrada...

Não pensei duas vezes, peguei na carteira, calcei os ténis e fui para as traseiras. Bolas! Quando levantei a janela, reparei que lá em baixo também estava um policiamento bem intenso. Então... lembrei-me de que da casa do meu vizinho havia um acesso ao sistema de refrigeração do prédio. Entrando silenciosamente, atravessei o quarto onde ele dormia, e saí para a sala, seguindo depois para a cozinha e para a casa das máquinas, onde estava a coluna de refrigeração. Lá consegui destapar a grelha... e lancei-me num mergulho sem fundo aterrando violentamente no fundo metálico das câmaras de ventilação, debaixo do meu prédio. Daí consegui observer o bulício do exterior, pela entrada da respiração. Vi, inclusive, dois colegas meus... com cara de caso e de irritação. Passaram ali perto dois membros da SWAT, que iam a conversar e um deles disse "Não está em casa, mas não deve estar longe!"

Raios! Já tinham entrado... E agora? Para onde iria eu dali? De repente tive uma ideia. Um armazém das câmaras de ventilação tinha explosivos C4, para emergências dos bombeiros, porque um dos meus vizinhos era bombeiro... Lá fui buscar o C4 e depois fiz a colocação estratégica... Pus primeiro um no canto oposto ao que desejava para sair. Quando ouvi a explosão... coloquei o outro junto da saída para a zona ribeirinha envolvente ao meu condomínio. Este rebentou a parede e quando saí, percebi que o plano tinha funcionado. A outra explosão atraiu toda a gente para o flanco oposto do prédio.

Mergulhei rapidamente nas águas pantanosas e muito a custo atravessei para a outra margem. Saí do rio e corri na direcção do que pensei ser uma das poucas ajudas que eu poderia ter... Depois de percorrer 5 quarteirões completamente encharcado, lá cheguei ao bairro chinês, onde recentemente tinha feito umas rusgas a casas onde se arranjavam passaportes falsos. Fui directamente à casa de Liu Ying, chefe da tríade da minha cidade. Depois de ter sido violentado pelos guarda-costas à entrada... consegui falar com Liu Ying e pedir-lhe que me arranjasse uma fuga para fora do país. Ele riu-se e deu ordem aos seus capangas para me deixarem que nem um queijo suíço.

Como estava a ver o caso mal parado, socorri-me do último truque a retirar da manga. Disse-lhe que lhe podia dizer quem estava contra ele e quem lhe andava a perturbar os negócios, tanto nos cartéis colombianos, como na Máfia russa, como no próprio governo... Aí Liu Ying mudou de atitude, ouviu-me pacientemente, e acabou por ceder... sendo cumpridor, seguindo a velha tradição chinesa de honestidade e negócio.

Foi assim que me vi sair do bairro chinês na mala de um carro e depois de andar umas boas 2 horas... fizeram-me sair do carro e indicaram-me a porta das traseiras do jardim zoológico. Inicialmente, não percebi muito bem o que estava ali a fazer... Ao entrar para um armazém do zoo, lá compreendi... Não me esperava uma fuga cómoda e agradável. Fui colocado no interior de uma caixa de madeira onde mal cabia... e tinha, nas caixas vizinhas, alguns simpáticos colegas como cobras piton ou sapos alucinogénicos.

A última coisa que vi antes de entrar na caixa, foi um autocolante de lado, que dizia "Fragile - Sea Transport". Ao fim de quase 14 dias... já quase morto de fome e sede lá vi a caixa ser aberta e um "quase anão" dizer-me "You ale flee"...

E foi assim que vim parar aqui, a Xangai, donde vos escrevo a relatar a fuga...

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